terça-feira, 21 de setembro de 2010

A volatilidade virtual

O mundo virtual não é totalmente ruim, pode-se dizer que em nossos dias tornou-se um “mal necessário”. Cada vez mais somos impelidos a um sistema de conexão não concreta que limita a capacidade intelectual e cultural do ser humano.


Intelectual, pois, ao necessitarmos de alguma informação ou pesquisa, estas estão prontas e “mastigadas” para quem desejar fazer uso. Em sites de pesquisa, é comum encontrarmos resumos de livros que facilitam o entendimento do leitor; porém, este “inofensivo” resumo impossibilita que esta vítima utilize sua capacidade de raciocínio para a compreensão da idéia do autor.


Ao dizer que o mundo “online” agride o caráter cultural, pode-se ter como exemplo a volatilidade das informações deste veículo de comunicação. No século XVI, por exemplo, Pero Vaz de Caminha, ao enviar uma carta à coroa portuguesa, notificou com riqueza de descrições a terra a qual encontrara. Esta famosa carta sobreviveu a vários séculos e, hoje, faz parte do patrimônio cultural português e brasileiro.


Em nossos dias, o que dizer da comunicação que termina com um simples apertar de um botão sem deixar vestígios? E como as próximas gerações poderão fazer um estudo do passado, sem possuir registros físicos que mostrem as relações interpessoais que existiam?


Refletindo sobre tais questões, fica fácil a percepção de que ao entregarmos ao esquecimento os métodos antigos de comunicação, relacionamento e escrita – como a carta -, estaremos sendo coniventes com um processo, que irá privar nossos descendentes de saberem informações sobre o passado dos seus antecessores.

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