terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Era da informação: o domínio da ignorância


Há uma diferença considerável entre ignorância e incerteza. O ignorante é aquele que não apenas não sabe como também ignora que assim seja. Eis que, ao deparar-se com algo que o coloca em dúvida, o espanto irrompe (surge), e o ignorante toma consciência de sua condição. Começa a encontrar falhas em suas opiniões e crenças, e duvida do que antes parecia conhecer verdadeiramente. É essa a passagem para a incerteza. A ignorância vem à tona, e tudo parece incerto. É apenas ao descobrir-se ignorante que surge a busca pelo conhecimento para suprir a insuficiência daquilo que acaba de desmoronar.


Parece absurdo afirmar o domínio da ignorância sobre os tempos atuais. Não é essa a era da informação acessível, rápida e direta? Não é o domínio da comunicação sem barreiras? Ora, como dizer que aquelas mesmas pessoas que são bombardeadas por informação a todo momento mostram-se incapazes de se descobrirem ignorantes? É justamente o grande volume de informações, cuja veracidade supostamente já foi provada, que dificulta o processo. A informação transmitida é do tipo enciclopédico, não induz à reflexão ou à crítica, e vem sempre acompanhada de uma espécie de "verniz" de credibilidade dos meios de comunicação, supostamente imparciais e infalíveis. O raciocínio crítico esperado para a busca do conhecimento profundo e verdadeiro vai além das exigências da sociedade. Adequar-se de fato significa estar a par das informações prontas e dos meios de comunicação populares, que parecem ser a única fonte de conhecimento possível.


Ao acreditar firmemente que está recebendo informação verdadeira a todo momento, como o homem moderno pode dar-se conta de sua real ignorância? Como poderá perceber que o que de fato recebe são informações prontas que priorizam quantidade a qualidade?


O primeiro passo para a superação do superficial é descobrir a própria ignorância. Só, então, pode-se fazer uso adequado da comunicação sem barreiras para procurar o conhecimento que promova o raciocínio, forme cidadãos críticos e pessoas conscientes da realidade. Na era da informação, isso é possível - só nem a todos é conveniente.

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