segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A “Geração perdida”

“Geração perdida”. Esse é o nome que vem surgindo dentre os mais diversos apelidos para caracterizar os jovens deste final de milênio. Mas seria esta denominação justificada ? Seriam estes jovens nascidos no final da década de setenta , início da de oitenta merecedores deste enfadonho rótulo ? E se forem , o que fizeram (ou deixaram de fazer) para conquistá-lo ?

Se visualizarmos a recente história do Brasil , podemos vivenciar em documentários ou filmes antigos a massiva participação de grupos de jovens nos momentos mais críticos do nosso país , como o movimento contra a ditadura na década de sessenta , o movimento “pop” (hippie) na década de setenta e o movimento ecológico da década de oitenta.

Através de seus penosos esforços , esses jovens de outrora conquistaram benefícios para o panorama histórico-cultural que hoje vivenciamos sem nos lembrarmos de onde vieram essas conquistas.

Com muitos dos problemas resolvidos pelas gerações anteriores , como a falta de liberdade de expressão, a censura e a punição aos criminosos ecológicos , os jovens de hoje não têm estímulo suficiente para se engajarem em um ideal, pelo contrário; o modo de vida “fácil” da década de noventa , importado do exterior com nomes em inglês que traduzem “rápido”, “fácil”, “pronto” estimulam o consumismo nos jovens , que começam a participar do mercado consumidor com uma faixa cada vez menor.

Dessa forma o jovem deste final de milênio se vê rodeado por ilusões e fantasias impostas pelos meios de comunicação e pelo comércio globalizado , de modo que os seus próprios sonhos e esperanças são substituídos por bens de consumo com logotipos de multinacionais , e essa descaracterização de sua auto-identidade se estende ao ponto do próprio jovem deixar de lado o costumeiro uso da gíria (jargão tão amplamente utilizada para projetar sua auto-afirmação ) para se ater à palavras estrangeiras , que apenas traduzem a sua incapacidade de criar e improvisar , natureza essa tão pertinente aos jovens.

Se os jovens do final do milênio merecem o título de “Geração perdida” , não será devido aos seus atos , mas sim pela ausência destes no contexto da história mundial.




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