A primeira reação à estridência em torno do banditismo é o medo. Do medo à defesa pessoal o passo é pequeno. E da defesa aos exageros de segurança — aos condomínios fechados e guaritas, às cancelas, aos guarda-costas e carros blindados. E dos exageros ao delírio de ter medo de todos os desconhecidos.
Claro está que o problema da criminalidade nas metrópoles existe, é grave. Que em algumas cidades a polícia se misturou com a bandidagem. Que o medo tem razão de ser. O que não se explica é como será o país que se pretende construir, no qual se quer viver, se uma parte expressiva da população se cerca, e constrói muros cada vez mais altos, para se defender de uma outra categoria de brasileiros, que considera ameaçadora. Não existe país viável baseado na exclusão de uma categoria de cidadãos. A segregação e a exclusão não podem ser “vigas-mestras” para fazer uma civilização democrática.
As metrópoles brasileiras não irão virar paraísos de tranqüilidade do dia para a noite. O desafio, justamente, é melhorá-las para o conjunto de seus habitantes, não deixando que se criem guetos — sejam eles de miseráveis ou de trilhardários. Os problemas das grandes cidades do Brasil não são simplesmente policiais ou urbanos. São problemas sociais.
A concentração de renda, os desníveis nas condições de vida, os extremos de riqueza e pobreza abrem um fosso, dividindo o país. Fazendo com que uma parte tenha medo da outra. O desafio, portanto, é de outra natureza: em vez de separar com muros, é preciso juntar os Brasis, fazê-lo justo e democrático.
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