A onda de programas do tipo “reality shows”, que há meses vêm pipocando na mídia nacional, é um fenômeno mundial que no Brasil ganha proporções preocupantes.
De fato, a busca por mais pontos no Ibope (e pelos crescentes lucros provenientes deles) fez com que as maiores emissoras de TV brasileiras começassem a produzir versões de programas líderes de audiência em seus países de origem, cujo principal atrativo é expor o que há de mais banal e ridículo no comportamento humano a uma platéia tão carente de cultura e esperança de vida que aceita qualquer coisa que lhe é apresentada. Efeito colateral da globalização? Não, trata-se da banalização da ignorância, e reflete uma face negativa do consumismo a que chegou a humanidade.
Não bastasse o fato de serem cópias de programas estrangeiros, tais programas criam celebridades instantâneas que, após os seus “15 minutos de fama”, são jogadas no esquecimento. Assim, criou-se um sistema que se alimenta de si mesmo: dentro de poucas semanas haverá outro “Big Brother”, com outros participantes, pois há um público ávido por espionar a vida alheia, ainda que sob a forma de um jogo. E sempre haverá pessoas interessadas nesse tipo de voyerismo, pois faz parte da psiquê humana sentir-se atraída pelo alheio, pelo bizarro, pelo novo.
Muito pior do que o lixo cultural que vem sendo produzido é saber que existem milhões de pessoas para as quais tal lixo representa a única forma de lazer. Enquanto houver público, haverá sempre um “Big Brother”, e se este não mais existir, é porque estarão surgindo outras atrações, talvez ainda mais imbecilizantes, capazes de elevar às alturas os índices de audiência.
Sigo a filosofia de Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
A Banalização da Ignorância
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