terça-feira, 24 de novembro de 2015

Regulamentação de Concursos Públicos - DESABAFO


Prestei Concurso Público para o cargo de Assistente em Administração do Colégio Pedro II. Houve problemas como em todo concurso, porém não houve vícioirregularidade INSANÁVEL ou ilegalidade justificadamente comprovada. Não houve comprovação de fraude ou vazamento. No entanto, o Reitor do Colégio Pedro II, Oscar Halac, 3 dias após a divulgação da lista preliminar de CLASSIFICADOS, divulga de forma extraoficial uma nota pública (03/2015), de forma arbitrária e sem motivação, anulando parte da prova. A alegação, também extraoficial (dada apenas à Folha Dirigida), é a de 8 questões "plagiadas” e que isso acarretaria uma "avaliação insuficiente".

Bom, gostaria de destacar alguns pontos:

1) As matérias geralmente cobradas em concursos públicos são de direito e domínio público, portanto é normal e perfeitamente aceitável o uso de questões já aplicadas, utilizando-se o artifício da inversão na ordem das alternativas, a inserção e a substituição de elementos gramaticais (palavras, frases e até citações/referências). Se é para manter a rigidez, anulemos TODOS os concursos, pois são meras cópias uns dos outros, com maior ou menor grau de "plágio". Não custa lembrar Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”

2) O Edital é a “Lei” do Concurso e nele não está prevista hipótese alguma de anulação ou reaplicação de provas condicionada ao número e/ou porcentagem de questões anuladas. Não há uma regulamentação para o concurso público. Somos, portanto, norteados pelo sistema legal e pela jurisprudência do STJ e do STF. Não haveria em tese uma ilegalidade, de início. Se as questões foram INTEGRALMENTE copiadas, basta seguir as jurisprudências do STF e a determinação do MP, de que sejam anuladas tão somente as questões flagrantemente “plagiadas”. E essa atitude foi tomada pela Banca Acesso Público em um primeiro momento, até a interferência do Magnífico Reitor Oscar Halac, 3 dias após divulgação da lista preliminar de CLASSIFICADOS.

3) A parte da prova anulada, denominada CRAA (Conhecimentos Relativos à Área de Atuação), é composta de 20 questões de Conhecimentos Específicos e 10 questões de Legislação. A saber, as 8 questões “plagiadas” estão inseridas APENAS na parte de Conhecimentos Específicos, ou seja, 20 questões. No entanto, o Magnífico Reitor Oscar Halac anulou TODA a parte de CRAA. Fazendo as contas, 8/30 = 26%. Se considerarmos o TOTAL de questões da prova, serão 8/70 = 11,4%. Creio NÃO ser RAZOÁVEL afirmar que houve “avaliação insuficiente”.

4) Atentem para os seguintes itens do Edital:

13.20. O Pró-Reitor de Gestão de Pessoas poderá revogar este concurso por conveniência administrativa e deverá anulá-lo, parcial ou totalmente, por vício, irregularidade insanável ou ilegalidades.

13.21. Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão Organizadora do Concurso Público, ouvido o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas do Colégio Pedro II.

Em nenhum momento veio especificado/discriminado no edital uma possível avocação ou delegação de competência ao Reitor

5) Por fim, o “Gran Finale”:  a prova referente ao cargo de AUXILIAR DE BIBLIOTECA também apresentou questões “plagiadas”, foram 13, vou repetir: 13 questões !!! Está no site da Banca Acesso Público para quem quiser comprovar. No entanto, o concurso segue normalmente, com homologação prevista para o dia 18/11 (o que obviamente não ocorreu e nem vai, o mais provável é que sejam homologados todos os cargos juntos, dia 18/12, de forma a “evitar problemas”). 

Ademais, estudei cerca de 2 meses para essa prova. Baixei na internet, fiz e refiz 70 provas do cargo de Assistente em Administração, preparei-me, estudei de 10 a 12 horas por dia e assim consegui o 7° lugar, com 90 pontos em 100 possíveis. Apesar de todos os problemas, eu e mais 85 candidatos conseguimos a nota para classificação. Não é justo você se dedicar tanto e ver seu sonho "jogado no ralo", sem justificativa plausível.

Por isso, se faz URGENTE e NECESSÁRIA a implantação e APROVAÇÃO de um projeto de Regulamentação de Concursos Públicos. Acho uma COVARDIA ficar de "mãos atadas" em meio às arbitrariedades cometidas por Bancas e Órgãos Contratantes